No dia 6 de junho, aconteceu, no Espaço Ideação do SebraeLab do Parque Tecnológico de Brasília, a segunda rodada de apresentações dos resultados de mais seis pesquisas fomentadas no âmbito do Edital nº 08/2016. Os projetos apresentados foram voltados para pesquisa histórico-documental sobre memória, identidade cultural e patrimônio material e imaterial de Brasília. A primeira rodada de apresentações aconteceu no dia 16 de maio.
Construção interativa
Rogério José Câmara apresentou os resultados do projeto “Topogramas: registro da memória coletiva de Brasília”, cujo objetivo foi desenvolver um sistema interativo para criação de uma mapa colaborativo de psicogeografia brasiliense.
O programa desenvolvido chama-se Topogramas e promove o registro da memória individual e coletiva de Brasília contando com contribuições dos próprios cidadãos que transitam pelos espaços urbanos. O sistema permite o registro de memórias mediante a entrada das informações de localização geográfica e data, bem como permite a inserção de conteúdos textuais, imagéticos e fonográficos. O intuito do mecanismo colaborativo é iniciar uma escrita histórico-afetiva de Brasília, que expresse os anseios e as vivências de seus habitantes, em prol de construir um registro fundado na diversidade das formas de pertencimento e construções coletivas.
Contato do coordenador: rogeriojcamara@gmail.com
Herança genética
A pesquisadora Silviene Fabiana de Oliveira desenvolveu a pesquisa “Reconstrução histórica do povoamento do Distrito Federal utilizando como ferramenta a genética de populações: será o Distrito Federal a representação genética da população brasileira?”. O objetivo foi contribuir no melhor entendimento da história do povoamento e migração do DF e ter uma resposta para a hipótese de que o DF é um representativo da população brasileira, em especial a urbana.
A formação da população do DF começou, efetivamente, na década de 60 com a migração rápida de pessoas, fruto de décadas de miscigenação, de todas as regiões do país. Em decorrência da complexidade de povoamento e miscigenação, diferentes proporções genéticas dos grupos parentais são observadas nas diferentes regiões do país e se relacionam diretamente à história de migração, fundação e suas derivações. Diante desse histórico, a hipótese do trabalho é que a população do DF reflita um resumo da composição genética da população brasileira como um todo. Para avaliar essa hipótese, o impacto das migrações originadas de todo o país na composição genética do DF foi mensuradoa partir da produção de um banco de dados de perfis genéticos e estimativa de ancestralidade de 100 brasilienses representantes das diversas regiões administrativas do DF, acessados a partir da análise de marcadores genéticos distribuídos ao longo de todo o genoma humano com uso da técnica de SNPArray.
Os dados levantados mostraram que o perfil de migração dos pais dos participantes da pesquisa é majoritariamente de pessoas vindas das regiões Sudeste (43,80%) e Nordeste (39,40%). O estudo também revelou a predominância de três componentes parentais na população estudada, sendo 60% de origem europeia, 25% de origem africana e 15% de origem ameríndia.
Contato da coordenadora: silviene.oliveira@gmail.com
Arte documental
O projeto “Fora do retrato, no meio da história: a Brasília contada pelas periferias”, coordenado por Regina Dalcastagnè, buscou identificar relatos urbanos entre os artistas que frequentam saraus e slams na periferia de Brasília. O objetivo principal é ampliar o acesso ao mosaico de narrativas que constroem o imaginário da capital federal, incorporando a literatura produzida por mulheres, negros, trabalhadores, moradores de periferia.
Foi criada uma página para divulgar os resultados da pesquisa, dentro do site do Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea (gelbc.com). Além do conteúdo postado na página, o trabalho resultou em artigos, publicações em informes da UnB e livros como “Literatura e Periferias”, “Literatura e Cidades” e “Brasília inspira poesia”.
Contato da coordenadora: rdalcastagne@gmail.com
Arquivo público
Traçar um perfil dos profissionais atuantes em unidades de arquivo e acervo documental do DF. Esse foi o objetivo da pesquisa “Diagnóstico dos Arquivos do Governo do DF”, coordenada pela pesquisadora Rejane Soares Canuto para registrar informações qualitativas e quantitativas da situação do processo de gestão dos documentos arquivísticos em todos os órgãos da administração direta, indireta e empresas públicas do Distrito Federal.
O intuito do projeto é trazer maior precisão na identificação de acervos documentais em risco, bem como a existência de potencial histórico na documentação produzida e custodiada para realização de recolhimentos em caráter permanente ao Arquivo Público do Distrito Federal. A pesquisa busca, também, servir de subsídio para a formulação e atualização das políticas públicas que atendam de maneira efetiva à gestão dos documentos, à organização e recuperação da informação e à construção da memória no serviço público do Distrito Federal.
Os dados, coletados no período de fevereiro de 2017 a março de 2018, em 83 unidades de arquivo em Administrações Regionais, Entidades, Secretarias e Órgãos Especializados. O levantamento permitiu identificar que m ais da metade dos colaboradores, 56,7%, é de estagiários, jovens aprendizes, sentenciados, terceirizados, comissionados e outros, que podem ser caracterizados como o perfil de maior probabilidade de rotatividade. Dos 58 estagiários, apenas 5 eram estagiários graduandos em Arquivologia e apenas 21 unidades possuem profissionais arquivistas.
Quanto à estrutura física, a pesquisa mostrou que em 18 instituições em que as unidades de arquivos guardam os documentos em mais de um endereço, representando 21,7% do total. A necessidade de mais depósitos para guarda se dá pela acumulação de documentos, aliada à ausência de procedimentos adequados de gestão, demonstra a falta de planejamento dos órgãos. Os dados atestaram, ainda, que apenas 20% das unidades utilizam o SEI, 41% não utilizam mas têm previsão de implantação e 39% não usam e não têm previsão de adesão.
Ao avaliar os processos de recuperação, os pesquisadores identificaram que 23% da unidade contavam com apenas um instrumento, 26% com dois instrumentos, 14% com três e 17% com quatro instrumentos. Outro indicador importante apontou que 24% das unidades mostravam adequação à legislação vigente, 31% não estavam de acordo com as normas e 15% não souberam informar.
No quesito eliminação de documentos, a pesquisadora identificou que 65% das unidades não realizaram processos de eliminação, enquanto 21% já eliminaram e 14% não souberam informar. Na maior parte das unidades de arquivo também foi identificada a falta de classificada dos documentos.
Ao final do projeto, foi apresentado um modelo de planejamento para aplicação nas unidades de arquivo voltado para o desenvolvimento da consciência situacional que deve ser usada como protocolo do processo de planejamento e da gestão estratégica, ou seja, processos, tarefas e atribuições devem estar baseadas nas necessidades de melhoria voltadas para a expansão das capacidades do “Sistema de Arquivos do Governo do Distrito Federal”.
Contato da coordenadora: rejanecanuto@gmail.com
Memória em imagens
O projeto “Documentos audiovisuais, informação e memória: identificação de acervos fotográficos e fílmicos no Distrito Federal – 2ª Etapa” buscou qualificar e quantificar a produção e a acumulação de registros audiovisuais (fotografias e filmes) no Distrito Federal. Esta foi a segunda etapa da pesquisa coordenada por Miriam Paula Manini que que contemplou o levantamento de arquivos fotográficos e fílmicos em instituições públicas do governo federal e distrital, além de acervos particulares de fotógrafos e produtores audiovisuais, abrangendo pela primeira vez as Regiões Administrativas. Enquanto na primeira etapa foi realizada pesquisa de campo em instituições localizadas na cidade de Brasília, desta vez o objetivo foi expandir a iniciativa para as Regiões Administrativas de Brazlândia, Ceilândia, Gama, Núcleo Bandeirante, Planaltina, Sobradinho e Taguatinga, escolhidas por sua tradição histórica e densidade populacional.
Para realizar o levantamento, os pesquisadores envolvidos realizaram pesquisa exploratória com levantamento de dados e preenchimento de instrumento de coleta de dados (ICD) em entrevistas com os responsáveis pelos acervos. Foram 142 visitas no período de 15 de abril a 12 de setembro de 2017, das quais 52 geraram ICD e 58 não geraram por não possuírem acervo audiovisual, enquanto outras 30 possuíam acervo, mas não havia responsáveis para responder.
O mapeamento indicou que poucos lugares nas RAs possuem acervos audiovisuais e fotográficos e que não existe corpo técnico, o que faz dos arquivos resultado de ação perseverante de pessoas que assumem a responsabilidade de preservar os documentos. Nos acervos também falta infraestrutura, com problemas de armazenagem e acondicionamento que resultam em perda de documentos.
Os pesquisadores também registraram a ocorrência de confusão entre acervo pessoal e acervo institucional/organizacional, além da crescente produção de documentos digitais e da tendência a maior fragmentação e dispersão dos acervos.
O trabalho resultou na elaboração da cartilha “Dicas de Preservação e Conservação para Acervos Fotográficos e Fílmicos” e de uma mapa interativo, além de dois projetos de iniciação científica em andamento no Programa Jovem Expressão (Ceilândia).
O intuito é que as ações desenvolvidas contribuam para o fortalecimento da identidade local e nacional, considerando a heterogeneidade cultural da região, bem como para o planejamento de ações de conscientização, capacitação e parcerias com vistas à preservação dos documentos audiovisuais.
Contato da coordenadora: mpmanini@uol.com.br
FAPDF
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