19/06/2025 às 17h30 - Atualizado em 19/06/2025 às 18h51

Projeto recebe investimento de R$ 2 milhões e reforça diagnóstico sobre medo e segurança no DF

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"Cidade Mais Segura" combina pesquisa acadêmica e ações práticas em áreas críticas da capital federal, com apoio da FAPDF

(Créditos: Agência Brasília)

 O projeto “Cidade Mais Segura”, aprovado em 2023 no âmbito do Programa Desafio DF, da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF), está sendo desenvolvido sob a coordenação do professor Arthur Trindade Maranhão Costa, da Universidade de Brasília (UnB). Com execução prevista até dezembro de 2025, a iniciativa conta com fomento de R$ 2 milhões daFAPDFe está sendo operacionalizada pela  Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec/UnB) Selecionado por meio da chamada pública, o projeto tem como objetivo promover soluções inovadoras para fortalecer a segurança pública no Distrito Federal.

A iniciativa tem como foco qualificar a gestão das ações de manutenção da ordem pública no DF, com intervenções prioritárias no Setor Comercial Sul e na Estação Rodoviária do Plano Piloto — áreas de grande circulação e vulnerabilidade. Trata-se de uma proposta que integra pesquisa acadêmica, dados sobre medo do crime e aplicação prática de políticas públicas de segurança urbana, fortalecendo a cooperação entre a universidade e os órgãos de segurança pública.

Segurança baseada em evidências

O projeto se alinha com os resultados de estudos recentes sobre percepção de segurança e desempenho do atendimento emergencial, que revelam importantes informações sobre a relação da população com os serviços de segurança e socorro no DF.

Entre 2023 e 2024, aproximadamente 12 mil pessoas que buscaram atendimento emergencial foram entrevistadas em uma pesquisa de monitoramento da qualidade do serviço. Os resultados indicam:

  • 21,2% dos entrevistados receberam atendimento pela central telefônica e, em seguida, atendimento presencial da Polícia Militar;
     

  • 11,7% tiveram a mesma combinação, mas com o Corpo de Bombeiros Militar;
     

  • 24,3% receberam atendimento telefônico e presencial, mas sem identificação clara da corporação que compareceu;
     

  • Já 42,8% foram atendidos apenas por telefone, sem atendimento presencial.

Os dados evidenciam a importância de aprimorar o atendimento e a resposta rápida nos casos em que a presença de agentes públicos pode ser decisiva.

Medo do crime: três formas de mensuração

A pesquisa também se debruçou sobre o medo do crime, apontando três formas principais de análise:

  • Sensação de insegurança: É a forma mais prevalente e subjetiva, levantada com base em perguntas como “Qual a sua sensação de segurança?” nos espaços que a pessoa frequenta, de dia e à noite.
     

  • Percepção de risco de vitimização: Trata da avaliação racional sobre a probabilidade de ser vítima de crimes como roubo, sequestro ou homicídio.
     

  • Impacto do medo nas rotinas: Mede o quanto a segurança pública afeta diretamente o comportamento da população, como deixar de sair à noite, evitar transporte coletivo ou locais com pouca movimentação.

De modo geral, a sensação de insegurança é a forma mais comum de manifestação do medo, enquanto a mudança de rotina é a mais rara, por envolver fatores estruturais e a capacidade de reorganizar hábitos diários.

Diagnóstico anterior reforça a urgência de políticas públicas

Um levantamento realizado entre 2015 e 2018 mostra que 39,6% da população do DF vivia, já naquele período, uma situação crítica de medo, modificando profundamente seus comportamentos devido à insegurança. Os hábitos mais afetados foram:

  • Evitar locais desertos (85%);

  • Evitar sair com grandes quantias de dinheiro (87%).

Esses dados mostram a permanência de um quadro que exige respostas integradas, sustentadas por diagnósticos rigorosos e soluções planejadas — premissas centrais do projeto "Cidade Mais Segura".

Pesquisa, política e impacto social

A seleção do projeto pelo Programa Desafio DF, da FAPDF,  simboliza o fortalecimento da parceria entre universidade, governo e sociedade, colocando a ciência a serviço de soluções práticas para problemas urbanos complexos.Com investimento da Fundação e coordenação da UnB, o projeto representa um avanço concreto na busca por cidades mais seguras, com base em evidências, em que o planejamento urbano e as políticas públicas caminham juntos na promoção da qualidade de vida para a população do Distrito Federal.


Reportagem: Natasha Oliveira
Edição: Gabriela Pereira